Tania Aparecida Lopes defende que "essa política se torne uma política de governo e não de Estado"
Nesta terça-feira (31), a RMN-PR promoveu a atividade "20 anos da lei 10.639/03 e 15 anos da lei 11.645/08: Perspectivas e Compromisso com o Futuro". O encontro aconteceu na APP Sindicato e recebeu educadores, instituições, coletivos, movimentos sociais e sociedade civil com o intuito de conversar com instituições parceiras sobre ações e metas coletivas que visem o combate ao racismo nas escolas públicas do Paraná.
As professoras Tania Aparecida Lopes e Solange Aparecida Rosa apresentaram reflexões sobre a presença do racismo nas escolas do Paraná. Tania Aparecida Lopes apontou as suas questões sobre a implementação das leis: "A perspectiva tem que dialogar com os nossos desafios ainda. Por mais que tenham 20 anos da Lei 10639, ainda precisamos olhar no passado e tentar criar outras estratégias ou reforçar aquelas que nós já fizemos para que ela [a lei] seja efetiva lá no espaço escolar".
O encontro teve desdobramentos dos quais vale destacar o desejo de ampliar a discussão visando promover pelo menos três encontros como este anuais. Fortalecer esse diálogo junto aos demais representantes dos movimentos sociais negros do Paraná. Tentar possibilidades para retomada de encontros como o de "educadores negros" que ocorreram no estado em anos anteriores. apresentar uma carta compromisso aos candidatos dos próximos pleitos eleitorais de 2024. O desafio é latente e "para que a educação das relações étnico-raciais se efetive no espaço escolar e para além disso, nós temos que pensar em estratégia para que essa política se torne uma política de governo e não de Estado", defendeu Tania Aparecida Lopes sobre ação e objetivo final diante das leis.
No dia 20 de novembro, às 18h, acontece no Plenarinho da ALEP, uma audiência pública chamada pelo mandato do deputado Renato Freitas que segundo Watena Ferreira N'Tchala, integrante da Comissão de Igualdade Racial da ALEP, "é mais um espaço para pessoas que pensem sobre os mesmos pontos, mas que não se conhecem, terem esse momento para dialogar e elaborar demandas e ações". Os presentes se comprometeram a participar desta ação.
Esta atividade "20 anos da lei 10.639/03 e 15 anos da lei 11.645/08: Perspectivas e Compromisso com o Futuro" foi organizada pelo Grupo de Trabalho de Educação da RMN-PR que pretende continuar a elaborar e discutir ações que competem à educação e combate ao racismo.
A atividade teve a honra de ser contemplada com a exposição "Série Matriz em movimento (2018) da artista e associada da RMN-PR, Eliana Brasil.
Sobre a exposição:
Cada imagem aqui construída é uma ode à matriz, ou à Matriarca!
Aquela que vem antes! Abrindo os caminhos e fechando as suturas
Construção da imagem, ou de identidade: "Na transparência do tecido não há frente ou verso. Não há de temer o avesso, pois habita neste toda a verdade do gesto. A agulha grossa atravessa o fino pano...O fio vermelho que constrói a imagem é conduzido pelo pequeno metal que perfura e fere! Cada ponto deixa marcas, chega bem perto e verá as cicatrizes... O vermelho do fio é sangue, é violência, é ferida! Mas o mesmo vermelho é também laço e vida. É o cordão que conduz à ancestralidade e por ele resistimos, e reconstruímos!... Cada uma dessas faces – Ângelas, Helianas, Alaertes e Solanges; somos todas nós, Matriz em movimento, antes e depois, mulheres negras, todas Rede de Mulheres Negras que ensinam a seguir em frente sem esconder as marcas e principalmente, sem perder a confiança de um tecido social e um amanhã melhor, e que se a cor que prevalecer for o vermelho, que seja intenso como o brilho nos olhos ou o do sorriso, na cor do batom, vermelho vivo!
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