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AGOSTO LILÁS - COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

AGOSTO LILÁS - COMBATE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

A Campanha Agosto Lilás marca o mês de combate à violência contra a mulher. A campanha alerta sobre a importância de reconhecer o que é uma violência compreendendo que ela pode ser psicológica, sexual, moral, patrimonial antes de se tornar uma agressão física.  

Uma mulher é morta a cada seis horas no Brasil (Dado do Consórcio Monitor da Violência 2023), o que segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública afirma que a cada nove minutos uma menina ou mulher é estuprada no país. O Estado demonstra nesses números que o conceito de violência é superado pela cultura patriarcal que estimula a misoginia, o machismo e o sexismo, comportamentos que afetam e atacam diretamente a vida das mulheres.  

É importante saber que existe um ciclo da violência e ele não necessariamente se inicia na agressão física. O Instituto Maria da Penha cita a psicóloga norte-americana Lenore Walker que identificou que as agressões num contexto conjugal acontecem dentro de um ciclo constantemente repetido e se apresenta a partir de comportamentos como a tensão onde o parceiro se irrita com coisas insignificantes chegando a ter acessos de raiva.  

A vítima tende a associar este comportamento com um dia ruim do agressor no trabalho ou com alguma ação errônea familiar. A mulher com o passar do tempo, geralmente, se adequa a esses estopins e planeja o ambiente para que nada possa "provocá-lo", instruindo os filhos - amigos, familiares - a não se expressar na frente do pai/padrasto/tio. Esta fase é tensa, pois o agressor costuma atirar objetos no chão, bater na mesa, parar o carro de repente na rua.  

É muito provável que esta situação leve à fase 2 do ciclo que é o ato de violência. Esta fase corresponde à explosão do agressor, toda a tensão acumulada se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. A vítima geralmente se afasta emocionalmente do agressor, busca ajuda, recorre a amigos, muitas pedem a separação. Outras podem sentir um outro efeito que é o de medo, ódio, solidão, pena de si mesma, vergonha, confusão e dor, a agressão psicológica a leva a paralisia e fica sem reação.  

Entre a fase 2 e 3 costuma acontecer um famoso hiato chamado arrependimento e comportamento carinhoso, é o período onde o agressor diz que vai mudar, propõe uma segunda "lua de mel" e a pensar na vida do casal e dos filhos. Para quem não tem filhos a pressão é que ficar grávida talvez "resolva" a situação. Também a faz pensar que "nada melhor que ele irá aparecer em sua vida". Aqui o papel da família pesa bastante e a vítima costuma colocar na balança o julgamento social por não lutar para ter uma família unida.   

Um misto de culpa, medo e ilusão a consome e ela se sente responsável pela situação, pois pensa nos momentos felizes que já viveram. O casal passa por um período relativamente calmo, mas a tensão volta e o ciclo se repete em níveis variáveis de intensidade que lamentavelmente podem levar ao feminicídio.  

A RMN-PR vem trabalhando com mulheres sobre a importância de identificar o que é violência e chama a atenção para um detalhe social agravante que são os filhos. Diante de todo este ciclo agressivo a criança cresce e atua ao lado da mãe sendo tão vítima quanto, pois em casos de feminicídio a criança perde ambas as referências em um único dia.  

No Projeto Rede de Acolhida Alice Quintilhano em parceria com o Instituto Alice Quintilhano, a organização realizou atendimentos jurídicos, psicológicos e acolheu em rodas de conversa o assunto para promover a autoestima e fortalecer a mulher a viver em sociedade após o trauma, e mais precavê-la de não perder a própria vida. É preciso romper o ciclo. 

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